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terça-feira, 2 de outubro de 2012

Vícios e virtudes

Ele não pertencia ao meu bloco porque era menor de idade. Subiu naquela tarde com um outro amigo para se distrair em meio ao tédio que aquele local impunha às pessoas. Magro, trajado com as roupas que lhe deram, cabelo curto.
Sua voz revelava os efeitos das suas drogas lícitas. Não estava existindo aí então uma contradição? Ele estava ali porque consumia aquelas que a lei ainda não havia liberado. Erro do sistema? Erro de quem? Quem define o que é certo e errado nesse mundo contraditório?
Tinha apenas 15 anos e experiências um tanto quanto inusitadas. Cada um encontra sua forma de lidar com a vida e ele seguiu por um caminho onde seria chamado de bandido, maloqueiro, traficante, drogado. Partiu para um caminho cujo as ações sempre o levariam para algum tipo de prisão.
Pegou o violão e tentou tocar, mas não sabia! Imagino que se tivesse tido a oportunidade no momento certo poderia ser um grande músico, quem sabe! Assim como poderia ser o que quisesse se sua escola fosse um ambiente motivador, se a distribuição das riquezas não fosse tão desigual, se o mundo não fosse tão excludente com as pessoas.
De repente ele se afastou com uma folha e um lápis e ficou absorto em seus pensamentos rabiscando algo em um papel. Passado algum tempo aproximou-se e disse: "Esse é para você". Seu desenho era simplesmente lindo e cheio de simbolismos.
Cada um encontra sua forma de expressar o que tem por dentro. Cada um lida com sua dor como pode. O sol deixa de brilhar e a noite escura precisa surgir para que a lua brilhe. Será que são felizes por nunca poderem estar juntos ao mesmo tempo? 
Quem sabe tudo não seja uma questão de oportunidade...

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