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domingo, 26 de agosto de 2012

Silêncio, por favor!

As vezes não precisa muito para magoarmos alguém. Podemos magoar sem fazer nada, sem falar nada. e muitas vezes sem perceber que estamos nesse caminho. Deixamos de dar a atenção devida e alguns mínimos detalhes deixam marcas enormes em uma vida. Pessoas e suas individualidades, carências e ausências...complexas!
Nos recomendam muitas vezes que devemos cuidar do que falamos para os outros mas esquecem que a maioria de nossa fala é não verbal. Nossos comportamentos gritam escancaradamente o que a boca cala e com isso nos enganamos achando que ninguém nota algumas atitudes.
Uma agressão física dói por um tempo e apesar de ter um efeito imediato não atinge a potencialidade de uma agressão verbal. Palavras ferem no íntimo do ser, ainda mais quando encontramos alguém com tendência a ruminar o que ouve. 
Uma frase mal interpretada te faz perder oportunidades, afasta pessoas do seu convívio e pode demorar até que você consiga consertar o equívoco. Só que as vezes é melhor você ferir pela palavra do que pela indiferença.
O silêncio corta um coração que anseia por respostas. A ausência angustia uma alma que clama por presença. A indiferença fere vidas....mais do que percebemos.
Cuide de que você fala e mais ainda, do que você cala porque o silêncio diz muito mais do que qualquer palavra!

sábado, 25 de agosto de 2012

Tragadas e pensamentos

Acendo um cigarro nesse final de tarde e deixo meus pensamentos livres para voarem. Começo pensando sobre o que farei nessa noite e de repente me perco em minhas divagações.
Dou mais um trago e sopro a fumaça para o alto. Vejo ela se dissolvendo pouco a pouco no ar enquanto estou absorto em sua dança no vento. Caio em mim e dou risada sozinho por estar parado contemplando a fumaça de um cigarro. É, não posso negar que o dia está estranho, não sei se estou feliz, triste ou entediado.
Mais um trago e dessa vez é a chama vermelha a queimar que me hipnotiza. Olhando parece inofensiva mas não atrevo a tocá-la em minha pele. Dissimulada! Seduz e engana deixando marcas por onde toca. Quantas não são as pessoas assim nesse mundo? E essas diferentemente acabam sendo intragáveis.
Fico ali sentado no chão dando um trago após o outro e me perdendo em meus pensamentos. Talvez esteja tudo desconexo hoje. Me vejo sozinho sem companhia alguma a não ser um maço de cigarros e as estrelas no céu.
Está tudo tão silencioso que posso ouvir meus pensamentos que estão longe hoje. Vão se dissipando no ar como a fumaça que sai de dentro de mim. Por alguns momentos tenho a impressão de que consigo jogar algo fora com essa fumaça ainda que de forma momentânea e passageira. 
Acendo mais um cigarro, ainda não cheguei a uma conclusão do que farei essa noite. Na verdade não cheguei a conclusão alguma e não sei se um dia chegarei...

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Canção de Narciso

Ouço a voz do vento gritando pelo meu nome em minha janela. A vida me convida a viver e sair do meu esconderijo que tanto me abriga. Fugir da realidade não evita o sofrimento, pelo contrário, gera um sofrimento solitário que é o mais doloroso.
Atrevo a olhar a paisagem que se estende em meus jardins e vejo que as flores vivem um eterno ciclo de secar e morrer para poder ressurgir. Perdem sua beleza e sua cor mas o essencial permanece: as raízes. Tal qual como uma árvore velha aqui estou eu com minhas raízes fincadas e nada poderá me derrubar.
Sou forte, sou vento e trovoada a gritar em uma noite escura. Sou maior do que o tamanho que penso ter e posso muito mais do que muitos imaginam. Sou meu guia e minha salvação ainda que me perca.
Do que vale o ouro que te adorna se por dentro está tudo cinza e sem brilho? Minha alma grita pela liberdade e meu olhos transbordam a vitalidade. Já não há mais espaço para aquilo que em nada me acrescenta. Sou recomeço de uma história inacabada, sou frio e gelo que sol alguém consegue derreter. 
Não ouse me tocar para me ferir porque quem se ferirá é você. Nesse jogo eu quem dou as cartas e a sorte está ao meu lado. Minhas mãos calejadas sabem onde tocar para atingir meus objetivos. Sou força  que nunca se cansa em busca do meu espaço nesse mundo.
Sou aquele que você não conhece e que espelho algum mostrará de fato quem é. Sou ferida cicatrizada e a esperança de novos dias. Calendários não contam histórias e de nada servem se você não aproveitar os dias que lhe são dados.
E o horizonte me mostra que há muito ainda para ser conquistado. O mundo é imenso e eu sou um grão de areia nessa imensidão. Sou uma eterna construção de um infinito processo de obras. Produzo e produzo e sempre quero mais. 
Quero mais de mim e de você, quero mais do mundo, quero mais das pessoas. Não quero qualquer coisa: quero o melhor!

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Acenda a luz

Por vezes as situações da vida insistem em desmotivar-nos e com isso vamos perdendo nosso brilho e nossa essência de ser. Tornamo-nos meros reprodutores de ações em meio a um mundo onde aquele que se opõe quase sempre é alvo de apedrejamentos.
Quantas vezes nos perdemos e continuamos a caminhar mesmo sem saber para onde estamos indo. Seguimos vozes que não conhecemos e caminhamos rumo ao desconhecido sem questionar onde chegaremos com isso.
O que chamamos de vida corresponde às nossas atitudes e então emerge-se a necessidade de um autoconhecimento que possibilite a redescoberta dos nossos valores e desejos. Sabendo quem somos é que poderemos nos colocar na condição do ser. Por falar em ser, esse sempre é confundido com o ter e então criamos ilusões de que possuindo algo iremos ter a condição de existência. Tolice! Viver está além de ter.
O ter representa posse e quase nunca temos posse de nada. Na verdade, a posse remete a prisão e a única condenação que temos é a da liberdade. Ser livre implica em responsabilidades e isso sempre gera angústia porque liberdade é escolha e renúncia, ambivalência assim como tudo na vida.
Por vezes nos vemos cercados pela dor e pelo sofrimento. São as noites escuras que a alma precisa habitar para poder crescer. São os momentos em que quase perdemos o folego que nos fazem valorizar esse bem precioso que muitas vezes é desperdiçado.
Quantas noites escuras enfrentei em minha vida e quantas vezes achei que seria impossível recomeçar. Sendo a vida um eterno processo - que implica em torções - é preciso saborear de todos os sentimentos possíveis para poder um dia provar a felicidade.
Hoje não tenho mais medo de fantasmas ou monstros no meio da noite. Aprendi a lidar com os monstros dentro de mim: meus medos e minhas frustrações. Nesse aprendizado concluí que a vida por mais escura que uma hora possa parecer sempre haverá uma saída e uma nova chance e é nisso que sempre acreditarei.
Tenho uma única certeza, pessoas melhores sempre chegam, novos momentos me esperam, meu sorriso hoje é aberto assim como meu coração e somente a escuridão que possibilita que a luz brilhe cada vez mais forte!

sexta-feira, 17 de agosto de 2012

Ponto de embarque


Um mês atrás eu estava sentado e tinha essa visão enquanto aguardava a sua chegada e então resolvi fotografar o momento que me marcaria. Me chamaram de sem juízo por estar fazendo isso, mas, naquele momento eu não pensava em mais nada a não ser em tentar ser feliz.
De modo estranho eu não me via dominado pela ansiedade e me sentia seguro de mim e do que faria. E você chegou, fazia frio e havia chuviscado. Sua blusa era banca e então fui em sua direção e te dei um abraço. Permissividade? Não sei. Senti vontade e me entreguei.
Caminhamos e conversamos e o clima era agradável. Gostei do seu jeito de falar, gostei do seu sorriso e do seu olhar. E finalmente pude provar o que tanto esperava, o sabor do seu beijo, o seu toque e o seu cheiro. E foi tudo tão bom! Houve ligação...
Estranhamente não me senti acuado ou desconfortável. As coisas foram acontecendo e acontecendo e eu me permitindo. Nunca vou me esquecer de ver você ao meu lado no momento em que eu mais precisava de um abraço e de um colo. Nunca vou me esquecer do seu modo de tratar minha família, de falar com meus amigos e do seu jeito carinhoso de ser.
Tem sido você um dos meus maiores motivos de prosseguir. Tem sido você a alegria dos meus dias e o sorriso aberto a me motivar. Tem sido você minha maior saudade, minha única vontade e meu grande amor. 
Gosto de acordar do seu lado e poder te acariciar. Gosto da sua forma despojada, do seu olhar pacífico e do seu jeito carinhoso com as pessoas.
Gosto de você assim como é, com suas vivências, com suas histórias e com sua intensidade que em alguns momentos me assustam. Gosto de você simplesmente por gostar, sem que para isso deva procurar motivos. E gosto ainda mais por você me conquistar a cada dia mais.
Um mês se passou e a primeira impressão pode não ser a que fica para sempre, mas é a que nos marca profundamente. Você me marcou e ficou em mim....

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Transição

Há alguns meses atrás eu via a vida totalmente diferente do que vejo hoje. Ainda que a vida seja uma eterna metamorfose por vezes nos estagnamos e não vemos uma saída ainda que ela esteja bem diante dos nossos olhos.
A dor de cada um é sempre a maior das dores mesmo e deve ser respeitada em toda sua intensidade. O sofrimento é inerente a nossa existência e se torna patológico na medida em que nos põe em uma situação de inexistência. Sofrer é consequência e algumas vezes escolha, porém, temos que aprender a desenvolver a capacidade de ser resiliente frente a tudo que nos desmotiva.
Hoje olhando para o meu passado - recente - me assusto ao perceber o quanto fui além. Rompi meus limites e venci. Desconstruí pseudo-verdades e me reconstruí novamente deixando para trás pesos desnecessários.
Algumas vezes é preciso que nos fechemos diante de tantas situações para que possamos reencontrar o equilíbrio necessário para viver. Me fechei, não para o mundo mas para mim e me olhei de frente. Dói se olhar e perceber que algumas condutas não são positivas para nós. Dói abandonar velhas formas e calçar novos sapatos que vão nos causar bolhas. É mais fácil acomodar-se perante tudo e continuar nessa eterna resistência convivendo com as feridas ao invés de buscar arrancar as cascas e fazer com que tudo cicatrize de vez.
Se hoje tenho medo do que o futuro me reserva? SIM. Incertezas nos assustam! Só que hoje não me paraliso pelo medo e vou em frente em busca da minha felicidade. E o tempo pode ser um amigo ou um grande inimigo: a escolha é sua!

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Joelhos ralados

E os dias de silêncio se prolongam em minha alma. É um grito preso em minha garganta que anseia por escapar. Meus pensamentos se confundem e perco o ritmo da vida e dos meus passos. 
Tropecei, caí e ralei minhas mãos e meus joelhos. Senti na pele o sangue quente jorrar dentro de mim. Levantei e prossegui, feridas uma hora se cicatrizam e restam apenas marcas que nos mostram o que um dia só restarão marcas.
Se pelo caminho me perdi hoje me encontrei. A vida as vezes precisa ser posta de cabeça para baixo para que tudo volte ao lugar. Estar perdido não é de todo ruim, é sinal de que um dia me encontrei e que preciso repetir esse processo diariamente e a cada segundo.
A todo tempo somos bombardeados de falsas verdades sobre nós por vozes e olhares que insistem em nos julgar. Mas, o segredo está em aprender a ouvir a nossa voz interior - essa mesma que por vezes sufocamos - e então sorrir para a vida, para o céu e para as pessoas.
Se hoje sinto ainda esse nó na garganta é um bom sinal: ainda me permito sentir! Não desisti de viver, não desisti de acreditar e então me permito. Permito-me correr na chuva em um domingo a tarde e a contemplar um pôr do sol quando me dá vontade. Permito-me sentar sob uma árvore em um dia de outono e sentir as folhas caindo sobre mim e permito-me sentar em um banco num dia frio e sentir o vento tocando meu rosto e ser aquecido pela minha imensa força de viver.
Joelhos ralados? Doem ali na hora e mais algum tempo, mas cicatrizam e a ferida para de sangrar e sem que percebamos estaremos andando novamente rumo ao infinito! Posso cair mil vezes, mas não desistirei de prosseguir porque com a dor eu aprendo a persistir.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Rest in peace

(Vilson Garcia Malacrida - in memorian)

A vida é sempre enigmática! Sim, um eterno enigma que nunca é decifrado e por isso somos sempre devorados. Nascemos para a morte, mas acredito que com a morte ressurgimos também. Morte é passagem, travessia para sabe-se onde, separação temporária dos nossos sentidos que vão se enfraquecendo ao ponto de restar apenas uma imagem visual e mais nada.
Separações sempre implicam em dor desde que temos que nos separar do útero materno que nos protege de todos os conflitos com esse mundo externo imenso. Talvez a morte seja um retorno a um lugar onde estaremos distante de toda dor, lágrimas e sofrimento. Um lugar onde só exista alegrias e partilha, compreensão e ausência de julgamentos. Morrer é caminhar para a plenitude.
Deparar com a morte de alguém faz com que pensemos em nossa vida, uma vez que vai de encontro com o nosso narcisismo quebrando a ideia de que não somos onipotentes e eternos. Eternidade existe na medida em que somos especiais para os que ficam, pois, estes é que terão o dom de nos eternizar em suas memórias.
É dificil aceitar a morte seja por qual motivo, porém, mais difícil ainda é aceitar a morte de pessoas jovens, com seus sonhos e projetos ainda a serem realizados. Fere a lei da espécie em que prega-se que devemos morrer velhinhos depois de realizarmos grande parte dos nossos projetos. Fere a lei da vida em que filhos enterram pais e não o contrário. 
E quando nos deparamos com uma morte repentina custamos a acreditar. A negação como processo estende-se além do suportável e então tudo torna-se ambivalente. Dicotomia de sensações, de emoções, de pensamentos.
Não há justificativas por mais que procuremos encontrá-las para um possível conforto. Não há razão para ser quando não se é mais nada além de matéria. E o que ficou? E quem ficou? E como será?
Perguntas e mais perguntas que não possuem respostas se não aquele velho consolo: "só o tempo". Só o tempo mesmo, esse tesouro precioso que desperdiçamos tantas vezes com nossos medos e neuroses. Tempo sagrado que deve ser aproveitado em todos seus aspectos porque um dia a vida se finda diante de nossos olhos e nada mais restará, e o que antes era ocupado por presença, será lugar para um sentimento nobre - e algumas vezes doloroso - chamado saudade.

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