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sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Canção de Narciso

Ouço a voz do vento gritando pelo meu nome em minha janela. A vida me convida a viver e sair do meu esconderijo que tanto me abriga. Fugir da realidade não evita o sofrimento, pelo contrário, gera um sofrimento solitário que é o mais doloroso.
Atrevo a olhar a paisagem que se estende em meus jardins e vejo que as flores vivem um eterno ciclo de secar e morrer para poder ressurgir. Perdem sua beleza e sua cor mas o essencial permanece: as raízes. Tal qual como uma árvore velha aqui estou eu com minhas raízes fincadas e nada poderá me derrubar.
Sou forte, sou vento e trovoada a gritar em uma noite escura. Sou maior do que o tamanho que penso ter e posso muito mais do que muitos imaginam. Sou meu guia e minha salvação ainda que me perca.
Do que vale o ouro que te adorna se por dentro está tudo cinza e sem brilho? Minha alma grita pela liberdade e meu olhos transbordam a vitalidade. Já não há mais espaço para aquilo que em nada me acrescenta. Sou recomeço de uma história inacabada, sou frio e gelo que sol alguém consegue derreter. 
Não ouse me tocar para me ferir porque quem se ferirá é você. Nesse jogo eu quem dou as cartas e a sorte está ao meu lado. Minhas mãos calejadas sabem onde tocar para atingir meus objetivos. Sou força  que nunca se cansa em busca do meu espaço nesse mundo.
Sou aquele que você não conhece e que espelho algum mostrará de fato quem é. Sou ferida cicatrizada e a esperança de novos dias. Calendários não contam histórias e de nada servem se você não aproveitar os dias que lhe são dados.
E o horizonte me mostra que há muito ainda para ser conquistado. O mundo é imenso e eu sou um grão de areia nessa imensidão. Sou uma eterna construção de um infinito processo de obras. Produzo e produzo e sempre quero mais. 
Quero mais de mim e de você, quero mais do mundo, quero mais das pessoas. Não quero qualquer coisa: quero o melhor!

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