Páginas

domingo, 25 de novembro de 2012

Céu azul

Abro a janela e contemplo o céu azul que o dia me propicia. Respiro fundo sentindo a brisa suave que me dá condições de existir. É mais um dia que começa e dele poderei fazer o que bem entender, podendo escolher aquilo que irei sentir.
Meu dia é determinado por minhas vivências e por mais que haja a questão da imprevisibilidade ainda posso  decidir em que circunstâncias elas irão acontecer. Retiro meus sapatos e corro pela grama verde sentindo a liberdade a cada passo, desvio dos galhos que possam me derrubar e sinto a textura das folhas caídas. 
Sento debaixo de uma grande árvore e de repente me vejo deitado olhando para o céu e brincando de desenhar com as nuvens. Sou o autor das mais belas obras de arte e as deixo partir para que outros artistas possam redesenhá-las de acordo com suas vivências.
Vejo o ninho de um pássaro sob um galho e contemplo a perfeição de sua simplicidade. Escuto o balançar dos galhos pelo vento e entendo que a vida é movimento eterno e por isso não devemos parar. 
Hoje não tenho pressa e sei viver as demoras do existir. Sou infinito em minhas limitações e posso ser o que bem entender e quando eu quiser. Papéis escritos pelas minhas próprias mãos e que entram em ato pelas minhas ações. Esse sou eu, o poeta, o louco, o amante, o ator delirante!

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Sonho de uma noite mal dormida

Foi tudo um sonho e apenas um sonho. Não chegou a se tornar realidade e não há motivos para que as coisas saiam do seu eixo. Foi apenas produção de uma noite mal dormida onde estive embriagado entre dormir e acordar repetidamente sem conseguir descansar.
Foi apenas um sonho longo e inebriante e nada além disso. Não há chance de misturar realidade e fantasia de olhos abertos, ainda que os pensamentos insistam em maquinar tentando me manipular. Estou acordado e vigilante e isso é o fato que mantém minha consciência em paz.
Não há razões para confusões quando a certeza é evidente, ainda que a certeza seja apenas uma percepção de um instante. Não há motivos para que o silêncio tenha a força de dominar a minha voz e me calar diante daquilo que é preciso gritar.
E quando a noite chega repito a mim mesmo que se ver o que não queria ver, será apenas um sonho. Se sou senhor do meu caminho e arco com as consequências dos meus atos não há o que temer. Acusações não existirão e não há lugar para covardia, não estou errando mesmo que siga por caminhos distintos do que todos esperam.
Foi apenas um sonho, um sonho com você...

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Talvez, quem sabe?

E você se vê, de repente, não mais que de repente, entre a linha tênue do arriscar e do manter-se. Poderá conquistar ou ficar com o que já lhe pertence. Poderá melhorar ou estragar tudo. São tantas conjugações de um futuro incerto que não te pertence. E o que fazer?
Talvez...talvez...talvez...
São tantas possibilidades que se resumem em um simples ato, em uma única palavra e um momento que ainda não se sabe quando irá chegar. 
Talvez...talvez...talvez...
Os sorrisos seguram aquilo que insiste em querer ser dito, mas são tão belos que de alguma forma são o suficiente! Iluminam a história e trazem a luz necessária para que o dia seja revigorado pela esperança.
Os olhares - guardiões da alma - gritam a vontade que irrompe no ser. As vezes devoram e saciam a vontade de ir além e em outras revestem de ternura e dão forças para continuar.
Os gestos se controlam para não se entregarem e denunciar o que é tido como segredo. A vontade é de segurar em um abraço eterno e ter sempre perto o som do coração que dá o ritmo necessário para os passos.
Talvez...talvez...quem sabe?
Se fosse anunciado perderia o encanto de ser? Se fosse concretizado encontraria novas formas de existir? Eu não sei, ou talvez saiba, ou talvez negue, ou talvez gosto que seja assim. Talvez, quem sabe?

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Pedi você ao sol

Nada me causa tanto prazer quanto contemplar o belo espetáculo que um final de tarde me proporciona. O pôr do sol ainda continua sendo o fenômeno mais instigante da natureza ao meu ponto de vista. Tento compreender o motivo dessa sintonia só que a contemplação me absorve a ponto de consumir as minhas palavras.
O momento sublime é aquele em que o céu já está negro e resta apenas um filete vermelho sangue que vai se dissipando lentamente. E, de repente, surge a lua com seu brilho singelo e modesto para substituir a majestade do rei sol. Ela vem com seu brilho que mistura ao mesmo tempo pureza e malícia. Seduz e prende os olhos daqueles que a admiram.
Costumo sempre fazer um pedido a cada pôr do sol que posso contemplar. Tenho a sensação de que este é o momento da renovação, a hora em que finda-se tudo aquilo que passamos e que dá lugar a reflexão e a serenidade. É a hora da espera, do silêncio e do encontro.
Hoje pedi você! Estranho pedido a ser feito ao sol tendo em vista que ainda não sei quem é você. Desconheço tudo a seu respeito e nem sei a que horas irá chegar. Não sei por onde tens andado, nem com quem e muito menos o que fazes. Só que algo me diz que você está bem perto e a cada segundo se aproxima mais e que aos poucos a aproximação será suficiente para que percebamos a existência e presença de ambos.
Pedi você sem pressa! Que venha no momento exato e que venha para ficar! Pedi você com qualidades e defeitos. Que seja capaz de sorrir de algumas bobeiras e que saiba falar sobre as seriedades de alguns assuntos. Que nossos projetos tenham alguma semelhança e que sejamos capazes de ter respeito acima de todas as coisas. Que a liberdade seja o que nos mantenha unidos.
Pedi você sem saber, mas que você existe...eu sei!

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Vidas perdidas

- Meu mundo está girando - diz um homem sentado sozinho em um banco de praça - sinto meu estômago revirando e meu sangue pulsando geladamente. Chega a ser tão gelado que parece que minhas veias serão cortadas e tudo jorrará para fora de mim.
Perdido em meio aos milhares de pensamentos que irrompem em sua mente, o homem não tem forças para levantar. Pessoas passam e parecem não notar que algo está errado com ele. A palidez de seu rosto revela que as coisas estão fora de controle, mas como controlar o que nos controla?
- Estou enlouquecendo - diz uma mulher sentada sozinha em um banco de praça - sinto que o mundo está fora de lugar ou não sei se existe mais lugar para mim neste mundo. Minha vida tem se tornado uma eterna repetição de eventos que nem gostaria de ter vivido.
Perdida em meio a confusão que sua vida se encontra ela não tem forças para levantar. Muitas pessoas passam e nem notam que aquela vida está em crise. Seu olhar perdido revela a necessidade de se encontrar, mas como encontrar algo que faz com que a gente se perca?
- Estou farto de tudo isso - diz um senhor sentado sozinho em um banco de praça - sinto que a vida perdeu o sentido desde que ela partiu. A dor da solidão me mata aos poucos e ninguém pode fazer nada por mim. A saudade as vezes é como uma faca a perfurar o meu interior lentamente.
Perdido em meio a suas recordações aquele senhor não tem forças para levantar. Muitas pessoas passam e nem olham para aquele que abriu o caminho para que hoje estivessem ali. Suas memórias são ainda a fonte da sua existência. Mas como se manter vivo com aquilo que nos mata lentamente?
- Viver não tem mais sentido - diz um jovem sentado sozinho em um banco de praça - para mim já não faz mais diferença saber que dia é hoje se cada dia tem sido uma eternidade para se findar. Por mim não haveria nem ontem, hoje ou amanhã. Acabaria tudo agora.
Perdido em meio aos seus conflitos o jovem não tem forças para se levantar Muitas pessoas passam por ali e nem notam que aquele jovem está vivo mas morto existencialmente. A dor do abandono é tamanha e palavra alguma parece explicar. Como permitir aproximações se a vida ensina que é melhor manter todos distantes?
As pessoas olham mas não enxergam além. Estão presas na superficialidade. E então um belo dia quando se deparam com uma manchete chamativa em um jornal é que se darão conta de que não precisava muito: era preciso apenas um olhar! Será tarde, porque os bancos estarão vazios...

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

O cantar de um galo velho


Eu queria ao menos por um instante apagar minhas memórias e não me recordar de acontecimentos que insistem em invadir meus pensamentos. Queria poder recomeçar sem ter que lembrar o que vivi e com isso ser livre para agir sem medo e bloqueios.
"Só o tempo" ouço um velho dizer sentado à lareira de sua porta. Que tempo é esse? Escuto apenas um galo a cacarejar as horas passando mas nada vejo de mudanças. Pergunto ao velho e recebo apenas um olhar como resposta. Quem decifra esse olhar? A quem ele tenta devorar?
Há tempos tranquei as recordações em um baú no fundo do armário e hoje procuro um oceano para despejá-lo. O mar deve guardar bem segredos! Espero que mergulhador algum encontre as marcas da minha história e que ninguém se atreva a abrir aquilo o com sacrifício foi lacrado.
Mando para longe de mim o que ainda vive por perto. Quem sabe no fundo do mar esteja o tempo que tanto desconheço e que lá ela resolva fazer o passado ficar para trás e a vida seguir seu fluxo tal como as ondas que vão terminar na praia alegrando os que se lançam no mar da vida.

quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Igreja de quem e para quem?

Início essa postagem com um sentimento de indignação! Falarei sobre um assunto que quase nunca menciono nesse blog: Religião! À você meu caro leitor, sinta-se livre para continuar lendo ou se retirar desde já. 
Hoje fui obrigado a me questionar sobre o que andam fazendo das celebrações eucarísticas. Tenho a impressão de que o ritual tornou-se um espetáculo regado a pompas e poses com direitos a flash's que visam captar tudo o que é fútil e deixando de lado o principal do rito.
Recebi um "manual de orientações" sobre como proceder na liturgia e meu primeiro pensamento foi: "Meu Deus, o que fizeram com a Sua Igreja?". Esse manual contém orientações que norteiam desde as vestes até o seu penteado!
Sempre cresci com a visão de que Jesus havia escolhido os mais simples e humildes para se manifestar. Estava sempre andando com pescadores, gente humilde, simples e pobres. Era companheiro dos marginalizados e excluídos, se aproximava de leprosos, prostitutas, deficientes físicos e pecadores. E foi a esses que anunciou o Seu Evangelho.
Hoje para ouvirmos os ensinamentos do Mestre e participarmos da Eucaristia devemos seguir uma série de "orientações". Sim, a ocasião merece preparo, vestes adequadas tendo em vista que nos encontraremos com Aquele que é o Senhor, porém, será que o excesso de vaidades não sufoca a modéstia e simplicidade que Jesus sempre pregou?
Me pergunto qual o problema de subir em um presbitério calçando tênis? Qual o problema de uma mulher usar uma saia ou um vestido (adequado) a uma celebração litúrgica? Do que importa os esmaltes das unhas e a forma como o cabelo está penteado? O que seu perfume prejudica no andamento de uma celebração? Estamos em uma Missa ou em um desfile de moda?
Me questiono, estamos na Igreja de quem e para quem? Onde fica a escolha preferencial pelos pobres? Aqueles que não possuem uma roupa X e um sapato Y não podem se colocar diante de Deus?
Abram os olhos cristãos! Meu segundo pensamento ao concluir a leitura do manual foi: "Jesus, vem livrar Seu templo dos mercadores!". Estão fazendo um espetáculo onde "bêbados e mendigos deverão ser retirados com descrição" porque não são dignos (segundo as orientações) de estarem na Igreja.
Meu Deus, o que fizeram com sua Casa? É tamanha minha indignação com o que tenho visto. Onde foram parar os verdadeiros cristãos? Hoje são raros os que realmente entendem o real propósito de ir ao encontro de Cristo, Aquele que usava sandálias e devia ter os pés encardidos porque caminhava pregando o Plano de Salvação sem dar importância com o que as pessoas ao seu redor vestiam. 
Cristãos devem estar em extinção! O que vejo hoje é um número grande de pessoas que fingem entender os ensinamentos do Mestre e se enganam ao pensarem de que a forma com que você apresenta o seu exterior é mais importante do que aquilo que você traz em seu coração!
Procura-se cristãos! Procura-se cristãos, mas que sejam autênticos!

sábado, 3 de novembro de 2012

Despedidas e boas vindas

Eis que novos dias se aproximam e a transição é chegada! Hoje é o dia em que ciclos irão se encerrar e momento em que a esperança por uma nova fase repercute dentro de mim. Sou um ser mantido pelo simbolismo e doutrinado pelos ritos. Sou uma metamorfose e que hoje resolveu ter dia e hora para acontecer.
O que muda de um dia para o outro? Talvez do ponto da razão praticamente nada. Os anos amontoam-se até que sejam de fato notados e sentidos, as horas repetem-se inúmeras vezes até que perceba que o tempo realmente está passando.
Se hoje me convidassem a discursar talvez palavra alguma seria necessária. Trago em mim todas as marcas do que é preciso ser dito. Tenho no olhar a certeza de que recomeços são precisos, no sorriso o agradecimento por um novo dia, nos pés a força do caminhar sempre e sem desistir e nas mãos a disponibilidade de me permitir.
E o coração? - ouço uma voz distante a me perguntar. Nele guardei o que de melhor há em mim e nele habita aqueles que são construtores desse meu lado humano perfeitamente imperfeito. A cada pulsar lembro-me quem sou e trago esse sinal para que jamais me esqueça da minha essência.
O tempo tem passado e mais um ciclo encerra-se e hoje reflito sobre o que estou levando desse ano que deixo para trás. A reflexão me propicia o amadurecimento mas lembra-me também de que no caminho da vida encontramos flores e espinhos. Hoje escolho a palavra "aprendizado" para definir o que estou levando. Parece pequeno diante da imensidão de acontecimentos que pude viver, porém, os aprendizados foram imensos e hoje sou mais consciente de mim mesmo por me permitir aprender.
Grito ao mundo que hoje sou livre e que posso conquistar o que quiser. Jogo ao vento as lembranças que não tem mais sentido de ser e peço que ele leve para longe aquilo que de fato nunca tive por perto. Roubo algumas estrelas do céu e guardo dentro de mim para que jamais deixe de emanar luz em meio a situações que insistem em me deixar no escuro.
Meu presente hoje é minha própria vida e algo mais valioso que ele ninguém poderá me dar. Estou vigilante: não permitirei que ninguém me roube de mim. Não tenho medo do futuro e não levarei mágoas do passados. Hoje é dia de fechar o que insiste em ficar aberto por ficar, é dia de desocupar espaços para tudo que virá nessa nova etapa. Hoje é o dia que tenho e nada mais. Hoje tenho a mim mesmo por inteiro e isso nada irá mudar.


Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...