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segunda-feira, 14 de maio de 2012

Sala de espera

Hoje enquanto aguardava meu horário na terapia,uma criança, que também esperava pelo horário dela, me perguntou: "Quem te colocou aqui?" e então percebi que não havia a quem culpabilizar pela minha situação. Apenas respondi que eu tinha ido por vontade própria. A criança foi mais além e me pergunta: "o que você tem?". E então como responder? Disse que não sabia!
Sim, menti para uma criança! Eu sei o que tenho só que não entendo. E a primeira pergunta fez com que eu tivesse meus insights. "Quem te colocou aqui?"
EU me coloquei aqui por conta de situações que vivi e não soube lidar.
EU me coloquei aqui porque resolvi enfrentar minha fragilidade e não tive estrutura para suportar tudo sozinho.
EU me coloquei aqui porque precisava de ajuda.
EU me coloquei aqui porque alívios imediatos já não curam minha dor.
EU me coloquei aqui porque ouvi, vi e vivenciei coisas que me feriram.
Mas se EU me coloquei aqui, por que não consigo sair?
Por que não me libertar de vez de tudo isso?
A resposta está na segunda pergunta que a criança me fez: "O que você tem?"
Eu tenho dor, eu tenho dificuldade em me desvincular do que me fere, eu tenho ressentimento, eu tenho medo, eu tenho solidão, eu tenho insegurança. 
Mas o principal: EU não estou conseguindo tomar as rédeas da minha própria vida!
Ouvi uma vez em uma aula que "o homem é um ser não sendo". Estou inexistindo em minha própria história e nem ao menos chego a ser não sendo. Não estou me construindo. A construção está parada. As obras não tem prazo para terminar.
Não posso desistir de mim e deixar que a vida passe pelos meus olhos e os dias no calendário se esgotem sem que eu viva! Não posso deixar que situações e pessoas me coloquem em lugar algum contra minha vontade, ou mais além, que eu aceite ser jogado em um canto como algo sem valor.
É hora de resgatar o que deixei pra trás e retornar ao processo que caminhava tão bem. E então poder saber pra onde vou, o que fazer e como me sinto. Ser senhor de mim e da minha história. Terminar a obra inacabada e um dia poder contemplar a beleza da finitude, ainda que por alguns instantes. 
Como diria a Severina "a gente tem que aprender a transformar veneno em remédio". Então estou aqui, porque EU quero, e posso decidir se continuarei ingerindo o veneno que me mata aos poucos ou transformarei essa dor em remédio para meu crescimento.
Afinal, eu sei quem me colocou aqui...

Um comentário:

  1. Adoreeeeeeeeei, posha que posha, sempre falo, é nos momentos de sofrimento que sai os melhores poemas, as melhores frases, os melhores livros.
    Gostei muito Rafa, logo vai estar escrevendo um livro como o Rafa.

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