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sábado, 16 de outubro de 2010

Cavaleiros da terra sem sol

Viajando sem rumo por essas estradas obliquas. Busco por minhas rotas, meus desejos e em quem acreditar. Sou mais um em meio a multidão que não sabe aonde chegar. Sou aquele que não acredita em um amanha por ter medo de esperar.
Na minha terra as estrelas já não brilham, o céu já não tem mais cor. As vezes penso ter me esquecido quem sou, mas sei que em algum lugar aqui dentro ainda resta um pouco de mim, escondido por minha armadura, protegido por esse escudo que as pessoas chamam de solidão.
O que ainda me faz parecer com um ser humano, é a compaixão que restou de olhar para os lados e perceber que ainda existem pessoas piores do que eu, e ver que existem outros cavaleiros que marcham sem armaduras, com as feridas expostas, com a cara limpa, com o coração aparecendo...
E quando eu rezo é isso que ouço: “não deixe de marchar!” E quando rezo é isso que faço: continuo... Mesmo sem sentidos, continuo...
Minha prece é minha luta, foi isso que aprendi. De que adianta falar palavras belas em meio a tantas atrocidades? Sou eu me matando com meu egoísmo, são as pessoas se matando por comodismo. Vivemos assim desafiando a morte. Crescemos assim subindo em cima dos outros. É a isso que atribuímos a sensação de sucesso esperando por palcos que aplaudam nossas histórias mal escritas.
Minha terra não tem mais vida... Meu chão já não é mais tão macio... Meu céu já não é tão pacífico... Meu inferno já não é tão distante... Meus demônios se vão... Cada vez mais pra dentro de mim... Enrustidos, enraizados, justapostos, fundidos, vinculados...
E eu, que era triste, me encontrei com meu destino...
E quando a gente se encontra percebe que as coisas não são exatamente como os outros dizem ser. O sol já não ocupa mais o centro nessa órbita de rota contraria. Mudam-se os valores, sabores e dissonâncias. Percebo que o tempo tem passado mais rápido do que eu possa controla-lo. E a vida vai prosseguindo, talvez já nem mesmo existe e tudo não se passe de um delírio. Minhas armaduras já não tem mais a mesma força, meu escudo não me protege de meus pensamentos e o meu cavalo outrora robusto, ficou perdido em alguma parada da minha trajetória.
É assim que eu sou...
Nú, é assim que sou.

(Leonardo Barros e Rafael Pereira, 16/10/2010, 17h55)

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