Páginas

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Ato 5 - Cena 2


Enquanto ele seguia com o vazio no olhar procurava mais uma vez pelo seu brilho. Já fazia tempo que sentia que as coisas não andavam bem, há muito tempo representava um papel que não era o ator principal. Estava cansado. De representar, de ser figurante na historia de sua própria vida.
Sua platéia já não batia palmas, eram apenas mais algumas pessoas que de longe torciam pelo seu fracasso. Inveja. Solidão. E as pessoas seguiam cada qual em seu palco, imersos em seu egocentrismo, manchados pelo pecado do orgulho procurando perdão sem estender a mão.
As lentes das câmeras tinham o foco embaçado, acumularam poeira do passado. As telas reprisavam cenas que ninguém gostaria de ver. Eram espectadores passivos nas programações da vida. Não tinham tempo de organizar e selecionar os fatos que gostariam de viver.
Assim seguiu o jovem rapaz com seus sonhos velhos. Sem o brilho no olhar, sem o pulsar afoito do coração. Estava anestesiado, inerte aos contratempos, perdido no descompasso do caminhar, ouvindo a nota dissonante que a solidão lhe cantava aos ouvidos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...