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quarta-feira, 26 de setembro de 2012

3102-A

Experimentei o sabor amargo da morte preparado por minhas próprias mãos. Dei goladas de um veneno que tinha como propósito sarar a minha dor. Deixei ao mundo minhas últimas palavras rabiscadas em um papel que ninguém leu. Gritei em silêncio para o mundo mas minha voz não mais saía.
Tentei me agarrar em algo mas minhas mãos estavam frias e meus braços não mais moviam-se. Eu escutava alguém gritando e algumas lágrimas pingavam em meu rosto sem expressão. Meus olhos não conseguiam se abrir e meu pensamento estava confuso.
Senti uma movimentação mas estava desorientado e não sabia para onde me levavam. Não havia noção de tempo e de espaço. Não havia mais identidade, personalidade ou qualquer outra forma de menção. Ali estava apenas um corpo querendo findar a existência e sendo impedido por pessoas que lutavam para que a vida prosseguisse.
Um breve piscar e estava em uma sala branca e iluminada. Haviam muitas luzes pelos espaços e sons de aparelhos e de pessoas correndo. Senti os procedimento iniciando-se e de repente adormeci por completo.
Não haviam sonhos ou pesadelos. Minhas memórias apagaram-se por completo e o tempo perdeu seu ritmo. Não sei quantas horas se passaram e nem sei por onde eu passei.
Acordei desnorteado e confuso. Fiquei recluso com minha solidão tendo que olhar para mim sem espelhos. Tive que me encontrar com meus fantasmas e exorciza-los para longe de mim. Vi a dor face a face e dialogamos. Recebi o abraço da morte mas ela foi expulsa por uma espada de um arcanjo.
Nova chance, nova vida. Agora é hora de mudar. Agora é hora de viver. Morrer não dói mas viver ainda vale a pena.

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