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domingo, 7 de novembro de 2010

Silêncio do tempo


E da mesma forma inesperada com que se conheceram tudo acabou também. Os dois ainda olham as fotos e o que sobrou da historia. As palavras, as musicas, o presente não entregue e as cartas. As fotos são as lembranças que mais ferem. E ate mesmo quem resolveu colocar um fim na historia sente o mundo girar quando vê que a vida prossegue, mas num ritmo diferente.
E pensar que uma hora vão se cruzar em algum lugar e já não vai dar mais pra evitar o olhar que precisa dizer algumas coisas. E ver sem poder tocar na pele que um dia se buscou. Quem sabe sorrir sem poder beijar a boca que tinha sede da outra. E querer abraçar mas ter que distanciar.
A vida tem suas ironias, vai entendê-las. Mas ironias em alguns momentos são marcas da sinceridade. Dizer a verdade pode ferir um coração, mas não fere tanto quando uma mentira mal contado. Um precisou ser verdadeiro quanto aos sentimentos e entender que mesmo quando se ama é preciso respeitar o sentimento do outro, e que por mais que a dor parece ser intensa no começo, com o tempo a gente se cura.
As cicatrizes são sinais para nos lembrar que um dia algo nos marcou, e que marcas são feitas na alegria e na tristeza. E tentar negar os próprios sentimentos não ajuda a curá-las.
De certa forma os dois assumiram seus sentimentos, cada qual com sua intensidade. Um aprendeu que o mundo às vezes é mais complexo de que seus próprios pensamentos e que distancias não são capazes de esfriar corações.
Um jurou pra si mesmo que escreveria uma nova historia, longe de tudo isso, mas outro diz que não é possível abandonar a historia da própria vida. É tudo questão de aprendizagem. É tudo questão de recomeço.
E a carta ainda está guardada no mesmo lugar, as musicas são ouvidas ainda. Tudo agora sob um novo olhar, a única coisa que incomoda é o silencio constrangedor que existe quando os dois tentam se falar. Bom, quando as coisas atingem determinado grau ou ainda não encontraram significado, não existem palavras que falem melhor do que o silencio. E é isso que um ofereceu ao outro. Não o silencio da indiferença, mas o silencio do tempo.


"O silêncio da morte é enorme, o do meu coração maior ainda"
(CARVALHO, N. L.)

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